Quando nós somos crianças, adolescentes ou jovens nós somos acostumados a seguir um padrão….um padrão imposto pela maioria. Sabe porque? Porque seguindo esse padrão nós somos aceitos e nos sentimos bem e confortáveis no grupo.
E, se por algum motivo fazemos algo diferente do “aceitável para o padrão” somos considerados “o patinho feio”, “a ovelha negra”, independente se as consequências do feito são positivas ou negativas.
Dessa forma, acabamos por nos tornar mais um dentre a multidão, inserido e aceito pelo grupo, porém sem nada que nos destaque.
Uma vez, na escola a professora me chamou a atenção por algo que eu fiz, não me lembro exatamente o que era. Então eu questionei: – Porque só eu que estou errada, que sou condenada se todo mundo fez o mesmo, se todos fazem isso?
A professora em seguida me perguntou: – Então, se um colega cair no buraco você também cairá atrás dele, vai junto para o buraco? Aí eu fiquei pensando…. não respondi nada no momento, mas fiquei com aquilo na cabeça, e eu não me esqueci mais. Seguindo essa linha de pensamento comecei a criar técnicas diferentes, de forma que eu puxasse os colegas do buraco e não fosse atrás deles… e que eles não percebessem que eu estava fazendo algo “fora do padrão”. Complicado, né? Sobretudo para a cabeça de uma criança.
Mas eu não perdia tempo e como gostava muito de aparecer, sempre buscava formas para realizar tal façanha de alguma maneira, mas detestava fazer as coisas igual aos outros, gostava de ser diferente, de surpreender. E comecei a criar maneiras alternativas e criativas para isso. Na realidade eu não fiz nada além de liberar a imaginação!
Vou te contar uma história para exemplificar.
Naquela época, por volta dos anos 1.987 eu não colava nas provas que realizava na escola, nem gostava, tinha um pouco de medo e preferia estudar e ir bem nas provas por meu próprio mérito. E quando a gente é bom aluno no nosso país, somos desvalorizados e fora do padrão por estudar e nos esforçar, isso era mal visto. O legal era colar e dizer que passou sem estudar nada! – essa é a cultura do nosso país, a qual eu nunca me enquadrei…. E se você é bom aluno, não cola e ainda não passa cola, então é crucificado. Aceitação e aprovação zero por parte da maioria esmagadora. Isso tudo porque se um aluno se destaca da maioria, isso deve ser suprimido para que não seja percebido nos outros a situação inferior. Então, continuando: para me manter aceita no grupo e ao mesmo tempo atender aos meus valores, eu criei um método de cola diferente: isso mesmo!! Era falso (fake para ser atual?), mas fez um sucesso danado e ainda passava a impressão para os colegas de que eu estava colando. E como o meu método era individual, não tinha como passar cola, cá entre nós. E ao final eu era aceita por tirava notas boas e ainda colando!
Olhe as ideias:
Eu usava um pente que tinha um espelhinho e fingia que ia pentear a minha franja lendo com o espelho a prova do colega sentado atrás de mim ou então lendo o material dentro na pasta abaixo. Isso tudo com um espelho. Haja paciência e desenvoltura! O melhor foi que todos adoraram a ideia e eu venci mais essa etapa quesito criatividade e malandragem entre aspas.
Sabe quais foram os meus aprendizados disso tudo?
Primeiro: que a gente aprende e cresce muito mais estando do lado de fora do pacote, do que inserido no meio. Quando somos diferentes enxergamos o mundo através de outro ponto de referência.
Eu comecei a criar as minhas próprias estratégias de forma a atender aos meus requisitos e obedecer aos meus valores. Nessa época eu não sabia a definição de valores, mas sentia e me incomodava a injustiça, a malandragem, a atitude igual de todo um grupo. Quando você está num grupo onde todos são iguais e não possui nenhuma característica que te destaque de acordo com o ponto de vista comum, então o melhor que tem a fazer é sair desse grupo e encontrar uma tribo da qual faça parte, que tenha em comum ideias. Eu lembro que eu criei uma logo tipo: “tudo o que é estranho é melhor”, pois muitas vezes me sentia um E.T…. Mas quando somos crianças e jovens é mais difícil se desvencilhar de algo que lhe é imposto pela sociedade…
Um outro caso para exemplificar essa questão de valores era como eu respeitava os professores e ao mesmo tempo queria ser aceita e estar inserida no grupo. Numa escola de classe média alta, os colegas desrespeitavam a maioria dos professores, principalmente aqueles que não colocavam “moral”, como dizíamos. E tinha uma professora que em toda aula, quando ela entrava, o pessoal começava a jogar papel higiênico molhado no quadro negro (que na verdade era verde) quando ela começava a escrever. Vocês da época conhecem isso, né? O papel higiênico molhado grudava no quadro. Eu tinha muita dó e meu coração doía. Por mais que eu não participasse, me sentia cúmplice daquela situação humilhante.
E então eu pensei em como eu poderia fazer para mudar tal situação e fazer com que os colegas achassem que estavam humilhando a professora e no fundo ela estava sendo valorizada: bater palmas, era isso!! O difícil seria convencer a turma.
Aí então combinei com um grupo de umas 5 amigas que apoiavam a causa para, assim que tal professora chegasse na sala de aula, nós começaríamos a bater palmas e gritar: uhuuuu!! Foi uma algazarra só e todos começaram a rir, já que a turma dos 5 contagiou a galera e a professora também não segurou o riso e a satisfação por ter sido recebida com palmas. Ponto pra mim de novo!
Então, essa é a hora, o momento ideal para você mostrar que é diferente e driblar as situações desafiadoras: pensando diferente, você vai enxergar um mundo novo à sua frente, isso muda as sensações físicas e por consequência as suas ações e comportamentos para então, gerar novos resultados e emoções.
As pessoas de sucesso pensam e agem diferente da maioria, usam a criatividade, enxergam as oportunidades, ousam, acreditam e por isso se sobressaem. Enquanto isso, a maioria……
Um exercício para você começar a treinar e a enxergar o mundo com outros olhos é o seguinte:
– Separe 3 cadeiras e escolha 3 papéis a serem assumidos quando sentado em cada cadeira: positivo, negativo e realista.
Ou ainda escolha uma cadeira para o papel de uma pessoa que você admira, que tenha conquistado algo que você deseja ou que seja um exemplo.
Em cada momento você vai sentar numa dessas cadeiras e atuar na perspectiva dela. Bom treino!
Saia do mesmo lugar, saia da mesmice.
Faça diferente e faça a diferença!