Durante alguns anos fui fã de carnaval, adorava aquela agitação, o corpo a corpo, as músicas e todo o clima de alegria, descontração e libertação das pessoas. Em algum post aqui do blog eu já comentei ou venha a escrever sobre os tantos anos passados no carnaval de Salvador, a energia positiva e contagiante que era estar naquele ambiente e as inúmeras histórias colecionadas. Antes disso, rodei pelos interiores de Minas Gerais, que era tudo de bom! Churrasco, música boa, muita bebida e beijo na boca nos carnavais de rua: Ouro Preto, Tiradentes e outros mais. Ah, e a chuva também estava sempre presente. O que eu mais gostava eram as fantasias dos homens, aqueles que se fantasiavam de mulher e a criatividade das pessoas. Era riso garantido nos carnavais! Hoje as fantasias se tornaram um desfile de moda…? O carnaval, que é chamado de festa popular, sinceramente…… está cada vez mais distante de ser! Sobretudo em algumas cidades.
Como tudo na vida muda (ainda bem!), hoje busco algo diferente: o carnaval já não me atrai tanto, algumas coisas que eram boas e legais, hoje considero excessivas e outras não me satisfazem como há alguns anos atrás.
Já assisti a várias transformações na maneira de festejar o carnaval aqui no Brasil, essa festa que se reinventa constantemente. Assim como eu! Lembro-me do carnaval , de criança, em que me fantasiava, a de mulher maravilha era a minha preferida e, dentre as mais comuns, de odalisca para as meninas e pirata para os menino. Eram todos os dias nos salões dos clubes, não me lembro de ter carnaval de rua em BH, e era onde eu tinha vontade de ir, naquela época.
Depois de vários anos assistindo pela televisão, eis que fui para o tão sonhado carnaval de Salvador! Então, depois de oito anos andando atrás dos blocos entre os circuitos Barra/Ondina e Dodó e Osmar (oficial) com o sol à pino ou chuvas, apertada entre milhões de foliões dentro e fora das cordas, eis que resolvi mudar a minha rota.
Outro dia um amigo meu ainda comentou que, pra mim, atualmente o carnaval ideal em Salvador seria um bloco com poucas pessoas (nem tão cheio e nem tão vazio), onde fosse possível conversar (com a música sem nos ensurdecer) e circular tranquilamente, ter alguns pufes para sentar quando necessário, ser bem atendido de bebidas e petiscos, com banheiros limpinhos e com acessórios das variadas marcas (igual de hotel) , numa avenida de frente para praia e eu, entrei na onda dele e dei continuidade nesse tal ideal.
A minha sensação é de que tudo começou a ficar excessivo ou negativo. Não sei se o meu olhar mudou ou se o trem piorou mesmo. Além do valor exagerado cobrado nos blocos mais disputados, eles amotinam de gente ali dentro (para ganhar mais dinheiro!) , o folião não tem direito a nada (antes tinham alguns brindes, ao menos), além de ficar esmagada ao lado do trio com o volume altíssimo no ouvido, ou na frente do trio, tendo que fugir a cada instante em que a corda ou o próprio caminhão se aproximavam, para não ser atropelada. Ao final era um desgaste: não dava para comer e beber, eram goles rápidos antes que alguém trombasse e a bebida cara fosse para o chão. Comecei a me sentir explorada por pagar aquele valor e não receber nada, atendimento e preocupação com o cliente nota zero! A vantagem é que dava para beijar muita gente bonita, dava para emagrecer bastante ao final de um bloco e a energia positiva era realmente contagiante! As amizades conquistadas, as paixões e o tanto de gente do mundo inteiro que conhecíamos, para uma geminiana, era extremamente motivador. Acredito que isso foi o que me manteve durante tantos anos nesse carnaval. Ah, e não poderia faltar : o namorado herdado!
Porém, hoje estou mais racional….ou menos?! Ou mais exigente, seletiva, indignada? Mas com certeza os objetivos mudaram e passei para uma fase carnavalesca bem diferente. Há alguns que dizem que me tornei velha e exigente. Com mais idade do que antes, com certeza estou, não tenho o que discutir. Isso não me torna necessariamente com alma velha e exigente, depende muito do ponto de vista. Acredito que tenha me tornado mais simples e mais exigente ao mesmo tempo. Digo isso, pois as coisas mais simples me satisfazem e ao mesmo tempo desejo mais intensidade nelas, dá para entender? Em resumo, antes eu precisava de muito e hoje preciso de pouco para me contentar e fazer de pequenas coisas, grandes momentos. Ou seria o contrário?
Alguns dizem que me tornei mais fresca, porém considero-me mais seletiva. Antes adorava o corpo a corpo , o contato com muita gente, a agitação e hoje prefiro o contato com pessoas mais selecionadas (aqui não me refiro a elitizadas), conversas interessantes, a natureza, oportunidade de conhecer lugares diferentes, busco a paz e harmonia interior. E é claro, adoro uma risada!
Alguns ainda me perguntam o que aconteceu e me consideram estranha, metida ou qualquer outra coisa. A verdade é que , em primeiro lugar, eu amadureci e isso faz parte do meu processo de evolução. Digo aqui que é o MEU processo e quem curte outras coisas não quero dizer que estão ultrapassados ou imaturos, ou que não sejam evoluídos. Mas que sirva de inspiração para aqueles que desejam novos caminhos e ainda se sentem presos, por algum motivo, aos velhos padrões e carnavais.
Nesse meu processo de evolução e crescimento, tenho algo a compartilhar. Primeiro, acredito que ocorreu muito a partir do problema de saúde que tive, em 2013, que contribuiu muito com a mudança na minha maneira de enxergar o mundo, um novo mindset. A percepção de tempo de vida limitado me fez abrir a mente para novas possibilidades.
Além disso, analisando o custo e benefício, percebi que aqueles que ganhavam com o que eu pagava estavam lucrando exageradamente e os meus benefícios estavam ficando cada vez mais restritos. Nessa época de carnaval existe muita exploração e , mesmo sabendo a questão da oferta e demanda, não queria contribuir com esse exagero. Então, resolvi buscar e conhecer outros mares e continentes: iniciei esse trajetória para o Chile , no Deserto do Atacama. E o mais engraçado é, que quem me levou foi exatamente quem eu conheci primeiro no carnaval de Salvador. Depois fui para África, Punta Cana, praias do Brasil… E tenho vivido experiências maravilhosas!
Uma resposta
Adorei o relato… Maturidade eu diria…