Eu sempre tive muita dificuldade em seguir a direção certa. E quando se tratava do sentido, tudo se complicava mais ainda.
Muitas vezes eu só conseguia chegar a um determinado lugar se eu voltasse para casa ou para o meu trabalho e dali seguisse novamente.
Eu já deixei de ir porque não consegui chegar a festas, reuniões e outros compromissos por errar o caminho, me perder, andar quilômetros de distância…… E o pior era que eu não desistia!
Houve uma situação em que eu ia começar um novo trabalho e era em Contagem, na grande BH. No domingo anterior, fui com meu pai até lá conhecer o caminho, decorei o trajeto, anotei onde tinha que virar e adivinhem? Eu errei o caminho! Não sabia muito bem onde deveria virar à direita e tinha um caminhão quase passando por cima de mim, então acabei me desorientando e, ao invés de virar, segui em frente….
Eu como uma mulher prevenida que sou, havia saído de casa com uma hora e meia de antecedência, pois além de não saber o tempo que levaria até lá devido ao trânsito, ainda era meu primeiro dia de trabalho.
Acho que o desespero e o medo de errar eram tão grandes, que acabou acontecendo. Eu focava no que eu temia e as coisas acabavam acontecendo daquela forma.
Como terminou?
Como segui em frente, me perdi e não sabia mais como voltar, então eu desesperei e comecei a chorar, dando voltas e mais voltas. Depois tive que tomar uma decisão racional e parei num posto de gasolina e liguei para o meu namorado (na época) me ajudar. Ele pegou o endereço de onde eu estava e em 15 minutos chegou lá. Fiquei horrorizada com a minha incapacidade naquele momento em resolver problemas quando sob pressão e desesperada…..
Então, ele foi de guia até o meu trabalho e eu o seguindo no carro de trás. E eu ainda cheguei uma hora atrasada e com cara de choro, apesar de ter calibrado na maquiagem para tentar esconder.
O que importa é que no fim deu tudo certo!
Depois que surgiu o GPS, eu prontamente comprei e ele me salvou em várias situações e também já me colocou em algumas enrascadas.
O esquema era tão grave que uma vez tive que seguir em Búzios a pé com GPS para chegar de volta à pousada!
Além da situação de me perder de carro e a pé, não vou contar aqui as várias vezes em que peguei ônibus na direção contrária. O que eu fazia? Tamanha a vergonha, eu descia no ponto final, agradecia ao motorista e trocador e ia para o outro lado da rua esperar pelo próximo ônibus.
E o que fazer nessas situações? A minha saída foi utilizar de meios tecnológicos como o GPS e pesquisar o trajeto antes de sair de casa, além de pegar informações.
Aconteceu uma experiência, acho que foi a pior delas, ao menos eu não estava sozinha. Na verdade, chega a ser engraçada a história!
Eu sempre gostei de ir à micaretas (festas de axé, tipo carnavais fora de época) e rodava o país atrás do trio elétrico ou do palco, principalmente para ouvir e pular ao som do Chiclete com Banana. Desta vez o show do Chiclete era aqui em Belo Horizonte, a famosa Nana Fest. Esse tipo de festa costumávamos juntar uma galera, alugar uma van e poder então beber a vontade sem correr riscos. Além disso, costuma ser perigoso assaltos e roubo de carros nesses locais. E é assim que funciona: alguns vão de carro ou de taxi e outros vão de van. Ainda mais que tem muita gente que vem de fora: de outras cidades ou estados. E nesse dia foi uma turma de van: aquela empolgação ! Chegando lá acabei me perdendo do pessoal que fui e fiquei com outros amigos, que não eram os da minha turma de transporte.
Ao final do show ainda procurei para ver se encontrava alguém e nada….. acabei seguindo para o estacionamento e dentre umas 100 vans não encontrei onde estava a minha. Eu estava com um amigo que também não encontrava a sua van e estávamos na mesma situação. Na doideira, resolvemos entrar em qualquer van que tivesse vaga. Encontramos uma e o pessoal disse que não precisávamos pagar, porque já estava tudo acertado e o meu amigo já conhecia o pessoal de algumas micaretas. Isso foi excelente! Nem tinha como comunicar com ninguém, pois não costumo levar celular para nenhuma dessas festas. Entramos na van e foi dada a largada. Muito cansados, dormimos na van no caminho de volta.
E de repente, depois de andar um pouco, meu amigo acordou e disse: vamos embora agora! Eu não entendi nada…
Então ele me contou que tinha deixado o carro próximo à sua casa e resolveu perguntar para a van por onde eles passariam, pois iríamos parar no bairro Santo Antônio. Sabem o que eles responderam?
– A van está indo para Juiz de Fora!
Imagine só a cena da gente chegando em Juiz de Fora sem dinheiro, sem celular e só de abadá, short e tênis. E ainda acreditando que tivesse chegando em casa!
O que importa é que no final conseguimos chegar em casa são e salvos!
Até hoje não entendo qual o pedaço do meu cérebro foi ejetado de forma que ele isolou essa habilidade.
Ainda é um desafio dirigir para locais onde não conheço o caminho. Porém, depois desses apertos venho desenvolvendo estratégias e usando a criatividade, gerando assim novas opções para resolução desse problema.
E dessa maneira consiga o resultado desejado: chegar em determinado local em determinado tempo. E isso é o que tenho aplicado: aprendizados e novas ações depois de tantos erros que cometi.
Apesar de proporcionar boas risadas, constatei que não quero mais perder tempo, dinheiro e qualidade de vida com essa limitação.